Na África, animações criadas localmente divertem crianças

Desenhos animados podem ter uma função importante na vida das crianças. Exatamente por isso, é fundamental que as criações reflitam a diversidade e a realidade de diferentes grupos sociais. A representatividade é fundamental nesse processo.

Uma entrevista publicada pelo site Porvir , por Fernanda Nogueira, conta a história da empresa social, sem fins lucrativos, Ubongo, que atinge milhões de pessoas no continente com conteúdo original e interativo. Projeto foi um dos seis vencedores do WISE Awards 2017.

Criada em 2014 por profissionais da Tanzânia, o grupo produz entretenimento educacional para crianças de países da África. A animação mais conhecida é o “Ubongo Kids”, que ensina matemática e ciências com histórias e músicas divertidas. Enquanto assistem, as crianças podem interagir, usando celulares para responder questões por SMS ou pelo Facebook.

Outro produto é o desenho animado “Akili and Me”, que ensina pré-alfabetização

O público tem de sete a 14 anos. São, em média, 2,8 milhões de telespectadores semanais no leste da África, sendo 1,1 milhão da Tanzânia, 800 mil de Uganda, 500 mil do Quênia e 400 mil de Ruanda.

As exibições são em suaíli (idioma falado na Tanzânia, Quênia e em Uganda), kinyarwanda (ou quiniaruanda, falado em Ruanda e também no Congo e em Uganda), inglês e francês.

O projeto alia conteúdo educacional com mídias tradicionais, como TV, rádio e celular. Está disponível também na internet, em aplicativos e DVDs.

“Queríamos usar a mídia e a arte para ajudar as crianças a aprenderem de maneiras novas e inspiradoras, diferentes da memorização rotineira usada nas salas de aula de toda a África”, conta Nisha Ligon, cofundadora da Ubongo. O projeto foi um dos seis premiados pelo WISE Awards em 2017, por sua abordagem inovadora e impactante para os desafios mais urgentes da educação no mundo.

Outro produto é o desenho animado “Akili and Me”, que ensina pré-alfabetização, iniciação aos números, habilidades socioemocionais, artes e inglês como segundo língua para crianças de três a seis anos. Lançado em 2016, foi o primeiro voltado para o entretenimento e educação de crianças em idade pré-escolar da Tanzânia.

Veja um trecho da entrevista de Nisha ao site e clique aqui para ler na íntegra.

  • Como você e seus parceiros tiveram a ideia de criar a Ubongo?

Nisha Ligon – Queríamos usar a mídia e a arte para ajudar as crianças a aprender de maneiras novas e inspiradoras, diferentes da memorização rotineira usada nas salas de aula de toda a África. Vimos que o eLearning estava transformando as oportunidades de aprendizagem ao redor do mundo, mas as crianças da Tanzânia (e de todo o continente africano) estavam perdendo isso porque não tinham acesso a computadores. Então, decidimos encontrar uma forma de levar a eles aprendizado interativo baseado em tecnologias que eles já tinham: TVs, rádios e telefones celulares básicos.

  • Como foi começo do projeto? Quais foram suas inspirações?

Nisha Ligon – Somos um grupo bastante diversificado de cinco co-fundadores: Rajab Semtawa, animador, Cleng’a Ng’atigwa, educador de artes, Tom Ng’atigwa, professor inovador, Arnold Minde, desenvolvedor de softwares e eu, produtora de mídia, entusiasta STEM (sigla para ciências, tecnologia, engenharia e matemática) e empreendedora. Cada um de nós trouxe inspiração de diferentes contextos, eu trago do eLearning global e da educação com entretenimento, Cleng’a traz de músicas e histórias tradicionais da Tanzânia, Tom, da sala de aula, Rajab, da tradicional animação 2D, e Arnold, do mundo da tecnologia. E, é claro, todos nós somos inspirados pelas crianças, com suas incríveis mentes e imaginações! Sempre ouvimos as crianças e deixamos que elas nos guiem em como melhorar o produto e sobre o que fazer a seguir.

  • Quais eram seus objetivos no início? Quais são eles agora após quatro anos do projeto em andamento?

Nisha Ligon – Nossos objetivos eram atingir crianças em toda a Tanzânia com aprendizagem local e interativa… e tornar aquilo um negócio social sustentável. Ultrapassamos bastante estes objetivos em termos de alcance (você pode assistir aos nossos programas em TVs abertas em cinco países e em TVs pagas em 28!) mas ainda estamos trabalhando para conquistar sustentabilidade. Hoje, nosso objetivo é alcançar mais de 20 milhões de famílias até 2020 com aprendizagem local, divertida e multimídia.

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