Atividades extracurriculares: as crianças precisam mesmo delas?

Falamos com frequência no Catraquinha sobre a importância do tempo livre, do espaço e do silêncio no desenvolvimento das crianças. Em entrevista sobre o assunto, a especialista em brincadeiras e infância Gabriela Romeu, idealizadora do projeto Infâncias e do livro “Terra de Cabinha“, explica que “a criança precisa de tempo e espaço: o resto ela inventa”.

Porém, quanto esse pensamento se associa à educação infantil, nem sempre é tão simples levar esse valor para a prática. Em busca de incrementar o aprendizado das crianças ou mesmo por falta de tempo para tomar conta delas, muitos pais buscam atividades extracurriculares no contraturno escolar. Isso faz com que muitas crianças tenham todo o seu tempo preenchido com coisas que demandam desempenho. Será que essa cobrança é benéfica para as crianças?

Segundo a psicóloga Patrícia Grinfeld, é preciso avaliar não só o interesse da criança, mas também se a atividade não vai preencher o tempo que seria destinado à brincadeira, principalmente no que diz respeito aos bebês.

Para propor uma reflexão sobre o tema, que costuma despertar reações diversas entre pais e educadores, o site Ninguém Cresce Sozinho, publicou um artigo assinado pela psicóloga e especialista em Psicologia Parental Patrícia Leekninh Paione Grinfeld. O texto ressalta diversos prós e contras das experiências extraescolares, e elenca uma série de dicas para os pais que optarem por oferecê-las às crianças, como observar o real interesse da criança, a aplicação prática de uma determinada atividade, questionar se a motivação para aquela atividade vem de uma comparação com a experiência com outra criança, avaliar se a decisão foi influenciada por publicidade. O texto pontua que o fato de uma atividade estar sendo oferecida ao público infantil, não quer dizer que ela seja realmente adequada para as crianças, especialmente bebês.

“Ela viu/experimentou a atividade em algum lugar e quer conhecê-la melhor? Ela tem demonstrado interesse por algum assunto em especial, como pintura, que poderia justificar sua inscrição em aula de arte? Ou é um interesse dos pais, que querem introduzir o filho no mundo das artes, por exemplo?”

“Uma criança que não faz nenhuma atividade fora da escola, não é uma criança atrasada, pelo contrário: é uma criança que consegue, através da brincadeira, suprir suas demandas físicas e afetivas”, diz a especialista.

Outro apontamento presente no texto é o argumento de que, por mais úteis que determinadas atividades extras sejam para aproximar os pequenos de áreas de interesses que não estão dentro da escola, é preciso cuidar sempre para que o tempo do brincar livre não seja esquecido muito menos substituído.

“Para não cair nas armadilhas do consumismo, precisamos, em primeiro lugar, lembrar que uma atividade extraescolar não pode, em hipótese alguma, ocupar o lugar da brincadeira e do descanso da criança. Através do brincar a criança expressa sua criatividade, elabora conflitos e aprende a lidar com a realidade (interna e externa)”, ponta Patrícia.

A conclusão é que, como em todas as fases da criança, a escolha por uma atividade extra também deve contar com a mediação atenta e cuidadosa de um adulto. “Fazer por fazer não melhora a competência”, defende a psicóloga. Clique aqui para conferir o artigo na íntegra.

*Com informações de Ninguém Cresce Sozinho

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