‘Isso é meu!”: o que as crianças aprendem quando compartilham?

Por: Renata Penzani

*Do nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender

Quando chega um bebê, é natural que toda a família volte suas atenções e esforços para ele. As prioridades, a rotina e o espaço da casa são todos dele. Porém, com o passar do tempo, é fundamental que os pais e cuidadores transmitam algumas lições sobre abrir mão desse reino silencioso de que as crianças tomam parte. Para os especialistas em desenvolvimento infantil, dar esse passo é contribuir para a aquisição de autonomia dos pequenos, para que aos poucos eles entendam que precisam se descolar das figuras de referência das quais dependeram até então para sobreviver.

Nesse sentido, ensinar a dividir e compartilhar é parte fundamental desse processo. Quando chega um irmão, quando o colega da escola pede um brinquedo emprestado, quando o primo precisa passa a usar as roupas do bebê que não lhe servem mais. O que todos esses processos naturais ensinam para as crianças sobre a dinâmica social? Quais são os limites entre estimular a partilha e ensinar sobre os próprios limites do que se quer?

Compartilhar x Aprender a dizer ‘não’: o importante é manter um equilíbrio entre uma coisa e outra.

Um artigo publicado no site de nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender pontua a importância desse período de transição.

“Diferentes regras, diferentes pessoas e diferentes aprendizagens atravessarão constantemente o seu dia a dia, convocando os pequenos a assumirem, com isso, novas posturas. Abdicar daquele lugar especial, protegido, onde reinavam e circulavam sem grandes impedimentos é mesmo muito difícil no começo”.

No entanto, não é por isso que a presença e acompanhamento do adulto deixará de ser indispensável. Quando ensinamos às crianças o que é compartilhar, automaticamente estaremos transmitindo valores imprescindíveis do que é viver em sociedade e respeitar o espaço do outro.

O adulto terá aí um papel essencial enquanto mediador de conflitos e é muito importante que ele seja uma referência de cuidado, escutando o que as crianças têm a dizer, mostrando como pode ser bacana essa troca, que ela faz parte da vida de todos nós, que faz com que aprendamos a ser pessoas mais generosas, nos dá a oportunidade de intercambiar objetos e pertences diversos (os quais não conheceríamos se não fosse por esse compartilhamento), bem como os ganhos adquiridos com novas amizades, negociações etc.

“É claro que respeitar o tempo e a vontade das crianças é extremamente valioso se queremos ensinar sobre as vantagens de se viver em sociedade. Portanto, se eventualmente elas não quiserem emprestar algo que lhes seja de grande estima, ou então participar da mesma brincadeira que a maioria de sua turma está propondo, deve-se considerar as suas escolhas, mas dando sempre a oportunidade para pensar sobre isso e suas implicações no meio em que vivem”, diz o texto.

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