Crianças, pais, e voluntários se unem para construir Escola Cidade modelo no RS

Por: Camila Hungria

Já pensou como seria uma escola-cidade em um bosque de 45 mil m², onde as crianças desenvolvem projetos de seus próprios interesses, sem divisão por idade ou salas de aula, dentro de ateliês temáticos, bibliotecas e salões de astronomia? Um espaço acolhedor, de aprendizado e expressão para crianças, pais, educadores e comunidade, onde as crianças aprendem a ter visão sistêmica do mundo, e entram em contato com novos conceitos de organização social e econômica?

Pois esse lugar está prestes a ser inaugurado e fica na pequena cidade de Guaporé, no Rio Grande do Sul. A Cidade Escola Ayni foi idealizada pelo empreendedor Thiago Berto e a previsão de abertura é o segundo semestre desse ano. A Ayni receberá crianças de dois anos e meio a 13 anos de idade e não terá mensalidades. “Os pais são convidados a realizar doações mensais em um compromisso de 12 meses”, explicou Thiago.

O projeto começou com um embrião, uma ideia, que ganhou corpo após uma viagem do empreendedor pela América Latina com o propósito de conhecer iniciativas educacionais transformadoras. Confira alguns croquis das instalações:

De volta à sua cidade natal, Guaporé, Thiago conseguiu, por meio de uma doação da prefeitura, o direito de uso do bosque, e, com um time engajado de voluntários, está usando a bioconstrução e os premissas da permacultura para criar espaços para as instalações da escola-cidade com formas mais orgânicas e construídos de maneira respeitosa com o meio ambiente.  Pais, voluntários e crianças estão envolvidos desde o princípio, participando ativamente da construção do espaço, veja imagens:

Na Escola Cidade Ayni, espera-se que os pais participem ativamente do dia a dia da organização. “A Ayni quer que a criança permaneça conectada naquilo que ela já nasce sabendo: que o mundo é de cooperação. Temos aqui muito trabalho e serviço comunitários”, disse.

Por isso, um dos critérios para frequentar a escola é que os pais se identifiquem e apliquem os conceitos pedagógicos da organização. “Aqui, as crianças vão aprender a importância de cuidar do seu espaço, servir sua comida e lavar sua própria louça. Também queremos ensinar às crianças a terem visão sistêmica, saberem da onde vem seus alimentos e para onde vão seus dejetos. Uma criança que cresce com essa realidade, será um adulto mais conectado e consciente”, afirma Thiago.

Além de uma escola de meio período – a ideia é que as crianças frequentem a escola normal, e no outro período a Ayni- o projeto também conta com outras iniciativas nesse grande complexo, como um hotel cujo serviço será todo feito por pessoas com síndrome de Down, um restaurante que servirá apenas alimentos orgânicos, uma loja de produtos naturais, e programas de férias para crianças. A população de Guaporé está animada com o projeto e apoiando sua realização. Todas as vagas para as primeiras turmas de crianças já estão preenchidas por interessados.