Pais e mestres: Finlândia discute educação do futuro em todo país

Educação é o caminho para um mundo melhor. Educação promove mudanças, transforma, dá acesso. E a educação também sofre mutação – os modelos de hoje não são os mesmos de dez anos atrás, e os recursos não serão os mesmos para as gerações futuras. É preciso se adaptar.

Novos tempos exigirão uma nova escola, e foi pensando nisso que a Finlândia resolveu trabalhar em cima dessa questão. Para isso, é preciso envolver os pais e os educadores num amplo debate sobre a agenda que acreditam ser necessária e eficiente para preservar o nível de excelência do ensino público nos próximos anos.

A Finlândia é conhecida, mundialmente, por uma educação que pensa “fora da caixa”.

Nesta quarta-feira o país será palco da “maior reunião de pais e professores do mundo”, realizada simultaneamente em todas as escolas públicas. Dentre as reflexões, estão: que tipo de conhecimentos, habilidades e aptidões serão importantes para um aluno em 2030?

“Os alunos precisarão estar capacitados tanto em termos de novas tecnologias e da ênfase na criatividade como também no desenvolvimento de habilidades emocionais, autoconhecimento e pensamento crítico” – declarou à BBC Brasil Saku Tuominen, um dos organizadores do evento e diretor do projeto HundrEd, criado no país para identificar e compartilhar inovações educacionais em todo o mundo.

A ação é uma parceria do Ministério da Educação e Cultura, o Sindicato dos Professores, a Associação de Pais de Alunos da Finlândia e o projeto HundrEd e mais de 30 mil pais já se inscreveram para participar do evento. A ideia é que seja anual, garantindo diálogo permanente e consistente.

A reunião de pais e mestres será aberta, em todas as escolas, e serão exibidos vídeos curtos com a fala de especialistas e educadores sobre o rumo das reformas em nível nacional, além de filmes sobre inovações que vêm sendo experimentadas em escala local.

A proposta convida pais e educadores a se envolverem na educação das crianças e pensarem no futuro.

A visão finlandesa é de que, cada vez mais, professores não serão apenas provedores de informação, e os alunos não serão mais somente ouvintes passivos. O objetivo é que aprendam uns com uns outros, que colaborem para o conhecimento coletivo.

Outra questão muito interessante: com essa iniciativa, acreditam que é preciso mudar a percepção sobre o que deve ser ensinado às crianças e o que elas necessitam para sobreviver numa sociedade e em um mercado de trabalho em rápida transformação. Ou seja, crianças e adolescentes sairiam da escola mais preparados para o mundo, para a vida adulta.

A Finlândia é o paraíso da educação. Com mais de 5,4 milhões de habitantes, é conhecida internacionalmente por pensar fora da caixa no que diz respeito à educação, o que atrai a curiosidade de especialistas do mundo inteiro.

Lá, os estudantes passam menos tempo em sala de aula – em uma típica escola finlandesa, os alunos têm em média cerca de cinco aulas por dia. Além disso, gastam ainda menos tempo fazendo trabalho de casa – cerca de meia hora por dia. O sistema também não acredita na eficácia de uma alta frequência de provas e testes, que por isso são aplicados com pouca regularidade.

O país adota medidas fora do comum para a educação das crianças e jovens, e vem conseguindo excelentes resultados.

Paredes vêm sendo derrubadas para a criação de espaços de ensino em plano aberto, com divisórias transparentes. Em vez das carteiras escolares, o mobiliário inclui sofás, pufes e bolas de pilates.

A presidente da Associação de Pais da Finlândia, Ulla Siimes, acredita que não há mais espaço para as tradicionais reuniões entre educadores autoritários e pais queixosos. Os pais devem ter voz ativa.

Leia mais: