Mãe envia cartas para explicar sobre o autismo para outros pais

“Ninguém precisa ter medo deles. Pelo contrário. Não existem seres mais puros”, diz mãe

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o autismo afeta uma em cada 160 crianças no mundo. A estimativa é que existam cerca de 70 milhões de pessoas nessa condição. No Brasil, o número gira em torno de 2 milhões. Mesmo com um número expressivo, o diagnóstico e o acolhimento da sociedade ainda são desafiadores.

Este tema é frequente no Catraquinha, exatamente pela necessidade de desmistificar preconceitos e desvendar incógnitas acerca do assunto. Quanto mais informações disponíveis e mais pessoas dispostas a falar sobre o assunto, melhor.

Uma reportagem publicada pelo Portal Uai, de Minas Gerais,  na última segunda-feira (11), traz diferentes experiências de famílias ou autistas que buscam, cotidianamente, qualidade de vida e provocar a consciência em pessoas que ainda desconhecem esse universo. Entre as pessoas entrevistadas para a matéria está Sandra Bacelar, de 48 anos, mãe de Enzo, de seis anos.

Ele teve um desenvolvimento regular até os 2 anos e meio, quando a mãe e também fonoaudióloga, percebeu comportamentos diferentes como falta de contato visual e isolamento. Além disso, ela notou que carregar uma folha enquanto caminhava em círculos em volta do pé de limão passou a ser o único hobby do filho.

Depois de pelo menos três diagnósticos imprecisos, Sandra optou viajar de Minas Gerais para São Paulo para ouvir outras opiniões. Foi assim que identificou o autismo.

Mãe de primeira viagem, ela se dedicou a pesquisas e estudos para compreender melhor e dominar essa temática. E pensando em construir uma rede de apoio, criou um grupo para acolher mães que tiveram o mesmo diagnóstico. “A gente dá muitas cabeçadas antes de chegar ao tratamento correto. Precisamos de algum apoio”, contou.

Além de algumas dificuldades motoras, Enzo não têm características físicas que evidenciam o autismo.“As pessoas não enxergam as dificuldades dele e não veem suas limitações, o que prejudica a compreensão do transtorno”, explicou Sandra. Para quem desconhece o assunto pode ser difícil, por exemplo, distinguir uma crise de uma criança mal-educada.

Hoje, aos seis anos, Enzo estuda em uma escola regular e Sandra defende essa escolha: “a partir do momento em que escondemos essas crianças ou as colocamos em escola especial, também estamos privando as ‘normais’ de conviver com eles”.  Com o intuito de gerar consciência e aproximar os colegas de classe do seu filho, todos os anos a mãe escreve uma carta e encaminha para as outras mães e pais que tenham crianças na mesma turma que Enzo.

O conteúdo explica o que é o autismo, como o ele tende a se comportar e o motivo de suas atitudes consideradas diferentes por muitos.”Acima de tudo, enalteço a importância do filho deles na vida do Enzo. Eles vão ensinar muitas coisas a ele e, juntos, vão mudar o mundo preconceituoso em que vivemos”.

O dia a dia do pequeno tem atividades como acompanhamento psicológico e fonoaudiológico – o último feito com a própria Sandra, terapia ocupacional para cuidar da parte sensorial e natação. Seu desenvolvimento tem sido positivo, hoje ele já estabelece um bom contato visual e começou a pronunciar pequenos fonemas.

“O autismo não tem cura, mas não é por isso que nossas crianças são bichos de sete cabeças. Ninguém precisa ter medo deles. Pelo contrário. Não existem seres mais puros”, afirmou, emocionada. E, para concluir, disse que, hoje, “não se vê mãe de outra criança que não seja o Enzo.”

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