‘Tetê’ político: Candidata grava vídeo de campanha amamentando

Amamentar, além de natural, é essencial. Quando mulheres de visibilidade resolvem colocar o “tetê” para jogo, a pauta ganha destaque. E é muito importante falar sobre isso.

Foi o que aconteceu com a candidata democrata ao governo de Wisconsin, nos Estados Unidos, Kelda Roys. Quando estava gravando um dos vídeos para sua campanha, a filha, que estava também no estúdio com o pai, começou a chorar. E ela não pensou duas vezes: amamentou a criança ali mesmo, em frente às câmeras.

E não é que veio a calhar? No momento em que tudo aconteceu, a candidata falava sobre seu papel na proibição, em Wisconsin, de um produto químico usado em garrafas plásticas, mamadeiras e copos para bebês – o bisfenol A, ou BPA*.

Kelda afirmou, em entrevista ao The Cap Times, que amamentar a filha no meio da filmagem não estava nos planos, mas que é uma pessoa normal – mãe, ativista, empresária e política, logo, coisas deste tipo acontecem. “Quando filmamos o vídeo, minha família obviamente estava lá, e, quando minha bebê precisa comer, eu apenas a alimento” – declarou.

A candidata optou por continuar gravando, mesmo amamentando a filha, para mostrar que é uma mulher normal.

Segundo pesquisa da Marquette University Law School, os eleitores sabem muito pouco sobre a maioria dos candidatos democratas – 92% disseram que não sabiam o suficiente para ter uma opinião. Agora, de uma coisa os eleitores podem ter certeza: a candidata Roys é mãe, e uma mãe muito empoderada.

A americana tem 38 anos, é casada e tem duas filhas. Ela disse ainda que a campanha se esforça para mostrar que ela tem “uma visão positiva para Wisconsin, em que a saúde e o bem-estar das crianças são colocados antes de interesses especiais e grandes corporações”.

Kelda optou por seguir com a gravação mesmo de maneira “inusitada”, amamentando sua filha, porque isso daria ao vídeo autenticidade, mostrando quem ela realmente é. Ao longo da campanha, os eleitores se mostraram receptivos e entusiasmados por vê-la levando os filhos para alguns eventos.

Por fim, ela ainda dá um recado. Aos que se incomodam em ver uma mãe amamentando, que simplesmente não assistam o vídeo.

“Nós temos todo o direito de sentar na mesa e concorrer a cargos, mesmo quando temos crianças pequenas, como sempre os homens sempre têm” – encerrou Roys com mensagem inspiradora.

Confira o vídeo completo (em inglês):

*O produto é proibido em alguns países dos Estados Unidos e, no Brasil, a fabricação de mamadeiras usando o componente é vetada também, desde 2011.

  • Amamentação nos Estados Unidos

De acordo com o Departamento de Saúde dos Estados Unidos, apenas uma a cada quatro mulheres concorda que o bebê alimentado com leite artificial no lugar do leite materno se torna mais vulnerável. Apenas 36% acreditam que a amamentação poderia proteger o bebê de uma diarreia.

Já o estudo executado pelo Centro de Prevenção de Controle de Doenças aponta para uma diferença na amamentação quando se fala em crianças negras e brancas. Entre as crianças nascidas entre 2010 e 2013, por exemplo, 64,3% das negras não-hispânicas não amamentavam, contra 81,5% representando brancos não-hispânicos.

Há também uma pesquisa, executada pelo Laboratório Lansinoh em 2017, que contemplou 12 mil mulheres em nove países (Alemanha, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França México, Reino Unido e Turquia) sobre o tema amamentação.

Dentre os assuntos abordados estava a dificuldade de amamentar em determinados lugares. Nos Estados Unidos, 12% das mulheres consideram o local de trabalho como o mais difícil, por exemplo. Confira abaixo um infográfico com alguns dos resultados do estudo:

Um estudo do laboratório Lansinoh levantou dados sobre amamentação em nove países do mundo.

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