Em nova modalidade, pais fazem atividade física em conjunto com crianças com deficiência

“Muitas famílias com crianças com deficiência acabam abdicando do cuidado com o corpo para se dedicar aos filhos. Em alguns casos, muitas famílias sentem até culpa por deixar os filhos e ir à academia.  Quando na verdade, os pais precisam estar preparados também fisicamente para cuidar de seus filhos”. A fala é de educadora física Pamela Spanholeto, que é especialista em atividade física adaptada e saúde.

Nos últimos três anos, tentando resolver esta questão, Pamela põe em prática a modalidade física terapêutica “Fit Especial”. Neste modalidade, pais e mães conseguem cuidar do físico e ainda participar da terapia do filho com deficiência, já que, no geral, eles só participam nos momentos orientados por profissionais. “Além de exercitar a parte física da mãe ou pai, ao mesmo tempo estimulamos o ritmo, atenção, coordenação motora e equilíbrio da criança”, afirma Pamela, que trabalha com crianças com deficiência motora, intelectual ou mobilidade reduzida há 12 anos.

Com essa metodologia, Pamela vem quebrando alguns paradigmas, pois realiza os atendimentos em domicílio, no ambiente natural da família. Dentro do Fit Especial são realizados atividades, como corrida e caminhada, dança e treino funcional. Os treinos são feitos especialmente para cada pai ou cuidador, considerando suas necessidades e preparo físico. “As crianças ficam felizes em ver os pais felizes”.  O Fit Especial traz bem-estar, saúde e qualidade de vida para os pais e filhos, ao mesmo tempo.

Movimento e aprendizagem

Além do trabalho de exercícios com os pais, a educadora se inspira no trabalho de Eric Hamblen, americano inventor do Connector Rx e que trabalha com crianças com dificuldade de aprendizado. Seu trabalho baseia-se em estimular as crianças com deficiência por meio do brincar. Pamela também segue essa linha e passa pouco tempo salas fechadas. “O que eu vejo é as crianças ficam mais felizes, porque são tratadas como criança, as atividades não são cansativas. Não que as atividades internas não sejam importantes, mas muitas delas anulam a parte do brincar”. afirma.

Grande parte do estímulo para seu trabalho veio da sua própria infância. A educadora tem TDA (Transtorno do Déficit de Atenção) e quando criança a forma mais prazerosa de aprender era por meio do movimento, do lúdico e do contato com a natureza. “Percebi como todas as crianças tem essa necessidade do movimento para aprender”.