Treinamento vai ajudar famílias de crianças com autismo no Brasil

Uma criança autista pode demandar de seus cuidadores algumas habilidades especiais. É necessário trabalhar aspectos de sociabilidade, comunicação, controle de agressividade e outros pontos de comportamento para que elas sejam, de fato, inseridas na sociedade.

Esse cuidado envolve pais, profissionais da saúde, educadores e toda rede que apoia os autistas, e é também uma responsabilidade do governo. Estima-se que aproximadamente dois milhões de pessoas sejam do espectro no Brasil, e hoje elas são amparadas pelos mesmos direitos das demais pessoas com deficiência.

Será criada uma rede de compartilhamento de aprendizado em pirâmide, permitindo que cada vez mais disseminadores estejam preparados para os treinamentos.

A partir deste mês, começará a ser implantado um programa internacional voltado para essa necessidade. Chancelado pela Organização Mundial da Saúde, ele tem por objetivo capacitar famílias com crianças do espectro do autismo, que envolve diversos graus de comprometimentos.

Trata-se de um convênio com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Presbiteriana Mackenzie. Serão treinadas inicialmente até mil pessoas e a política será assinada pelo Ministério da Saúde nesta semana – lembrando que hoje é o Dia Internacional de Conscientização do Autismo.

No momento, serão contempladas crianças, de dois a nove anos. Para os jovens, haverá outros programas, no futuro. A faixa etária para o início do projeto foi escolhida pela janela de oportunidade de aprendizado, que favorece melhores resultados.

O treinamento vai preparar pais e cuidadores para lidarem com aspectos de sociabilidade, comunicação, controle de agressividade e outros pontos de comportamento.

O método foi desenvolvido por uma instituição dos Estados Unidos, a Autism Speaks, e validado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e pretende trabalhar desafios dos pais no trato com seus filhos. Eles receberão dicas de ferramentas que otimizem a vida dessas crianças, em dez estados brasileiros, em todas as regiões.

O investimento é de R$ 2,5 milhões a serem aplicados durante dois anos na logística dos treinamentos. Segundo o próprio Ministério da Saúde, esse é o maior programa de saúde pública já desenvolvido no país para esse grupo social.

Importante destacar também que não será necessário que a criança tenha diagnóstico fechado para que a família tenha direito ao treinamento.

Segundo o Ministério da Saúde, até o final de 2018 será realizada a capacitação dos primeiros disseminadores da técnica, e a adaptação e validação do material didático estrangeiro para a realidade brasileira.

Inicialmente dois especialistas vão treinar grupos pequenos de médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais dentre outros. Eles repassarão o aprendizado para grupos maiores, que deverão contar com agentes de saúde do SUS e outros profissionais, ou seja, um conhecimento compartilhado, como numa pirâmide.

O treinamento será gratuito e estima-se que, até o final do ano, os primeiros disseminadores já estejam devidamente capacitados.

Depois disso, o treinamento se voltará para as famílias, que terão nove oficinas em conjunto com outros pais e três sessões exclusivas, em casa, para poder individualizar as questões do filho.

Ainda não há prazo para o treinamento de todas as famílias de crianças com autismo no Brasil, o que vai depender de contrapartidas municipais e da realidade de cada localidade.

A melhor parte: os treinamentos serão gratuitos, e não apenas famílias de crianças com autismo poderão fazê-los, mas também aquelas com filhos com atraso no neurodesenvolvimento.

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