‘Não inferiorizem suas filhas, elas podem ser o que quiserem’

Criar um filho no século XXI é, muitas vezes, sinônimo de desconstruir paradigmas de outros tempos. Um deles é a educação para a igualdade. O que é isso? Um resumo possível é: estimular nas crianças desde a primeira infância a consciência de que elas podem ser o que quiserem, independentemente do que a sociedade impõe para elas.

A paranaense Jenifer Stelen publicou um texto sobre o assunto em seu Facebook na última semana, e não esperava tamanha repercussão que seu depoimento geraria. O conteúdo? A simples história do dia em que ela comprou um kit de cozinha de brinquedo para o filho.

Ao ser criticada pela mãe depois de dar o brinquedo ao menino – “mas panelinhas, Jenifer? Isso é coisa de menina! Por que não comprou brinquedinho de médico?”, disse a vó do pequeno – , Jenifer resolveu escrever um desabafo que fala não só sobre gênero e educação infantil, mas principalmente sobre as contradições da sociedade, que parece sempre pronta para discriminar e responsabilizar uma mãe com o mesmo argumento com que a coloca num lugar de inferioridade.

“O que eu acho mais estranho disso tudo é que passei a infância e adolescência toda sendo induzida a ser mãe e esposa, mas quando engravidei aos 17 anos, as mesmas pessoas que haviam me dado bonecas na infância, me olhavam com cara de pena e algumas até diziam: “coitada de você, acabou com sua vida”.

Hoje fui ao mercado, vi esse kit de cozinha de brinquedo e resolvi levar para meu filho, já que ele adora pegar meus…

Posted by Jenifer Stelen on Tuesday, July 25, 2017

Com mais de 268 mil reações, o relato viralizou e deu origem a milhares de comentários de identificação. Pais e mães que pareciam se libertar de uma regra imposta social e culturalmente: meninos brincam de carrinho e meninas brincam de boneca. Por que precisa ser assim?

Em entrevista ao Catraquinha, a especialista em sexualidade infantil Caroline Arcari, diretora da Escola do Ser, em Goiás, explica que educar uma criança para a liberdade de ser quem é não é doutrinação nem. Ao contrário: é resguardar os direitos de ser criança sem precisar corresponder a um papel historicamente construído.

“O princípio mais fundamental dos direitos delas deve ser respeitado: a liberdade de serem o que quiserem. Quanto mais experiências enriquecedoras em todas as áreas as crianças tiverem, meninos e meninas, mais chances de ter um desenvolvimento pleno e feliz”, diz a pedagoga. Clique aqui para ler a entrevista completa.

“Mães e pais, pelo amor da Deusa, não inferiorizem suas filhas, diga que elas podem ser o que quiserem: jogadoras de futebol, engenheiras, médicas, motoristas e que só precisam ser mães se quiserem. Ensinem também que quem cuida de filho é quem fez e não apenas quem pariu, quem cozinha é quem quer comer e quem lava a louça e limpa a casa é quem sujou. Brinquedo não tem gênero, cor não tem gênero e profissão não tem gênero”, conclui Jenifer.

Clique aqui para o depoimento na íntegra.

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