Entenda como é a vida de mães que cumprem medidas socioeducativas

Por: Catraca Livre

Do nosso parceiro Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil

Programa de Acompanhamento Materno Infantil abriga internas gestantes e mães em unidade da Fundação CASA, em São Paulo.

Mães possuem um papel fundamental na vida de seus filhos. Desde a amamentação e os primeiros cuidados, até quando eles crescem e se tornam jovens, as mães sempre buscam orientar, ensinar, cuidar e proteger.

Ser mãe pode não ser fácil, mas para as mulheres que têm filhos na adolescência, é ainda mais difícil. Agora, imagine desempenhar todo esse papel, com pouca idade e experiência, e ainda cumprindo medidas socioeducativas. Com certeza a complexidade da maternidade se torna muito maior.

Como é ser mãe e viver enclausurada com o filho? Como é pensar no que a criança ganha ou perde por estar “presa” junto com a mãe? O que fazer para que estes pequenos tenham uma vida mais normal possível? Essas são questões difíceis de serem respondidas e resolvidas, porém, faz parte da rotina de tantas jovens brasileiras que cumprem medidas socioeducativas. A jornalista Cecília Garcia, da Rede Peteca- Chega de Trabalho Infantil foi investigar estas questões. 

Na Fundação CASA (Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), no estado de São Paulo, o número de meninas que cometeram ato infracional e cumprem internação é muito inferior ao de meninos: dos 9.661 adolescentes acolhidos nas 146 unidades, 376 são mulheres em casas exclusivas do gênero.

Entre tantos sonhos e vontades típicos de uma adolescente, meninas precisam se adaptar com seus filhos ao cotidiano dentro da instituição. Uma interna de 17 anos, mãe de um menino de um, ano e oito meses, conta que a vontade de estudar japonês para ler mangás, andar de skate, ouvir música antes de dormir com os fones de ouvido, e oferecer o primeiro milkshake ao filho são sonhos que tiveram que ser suspensos, pelo menos por enquanto.

Ela é uma das dez adolescentes mães que cumprem medidas socioeducativas na Fundação CASA, em São Paulo. Segundo a reportagem, na maior das unidades, a CASA Chiquinha Gonzaga, na zona leste da capital paulista,  meninas de 12 a 21 anos circulam entre quadras de esporte e quartos fechados a cadeado. Todas uniformizadas, com rabo de cavalo e livros à mão, quase todas estas garotas cumprem medidas socioeducativas devido a furto ou tráfico de drogas.

Mães internas da Fundação CASA cumprem rotina de cursos profissionalizantes e limpeza da unidade, além de cuidados com os bebês.

Esta unidade é a única do Brasil que possui o espaço para o Programa de Acompanhamento Materno Infantil (PAMI), inaugurado em 2003, para abrigar internas gestantes e mães. Em meio a desenhos infantis pintados nas paredes, jovens convivem com seus filhos, do nascimento até quando terminarem de cumprir suas medidas.

Segundo Ricarda Maria de Jesus, psicóloga responsável pelo atendimento nesta unidade da Fundação CASA, em entrevista para a Rede Peteca, antes do PAMI, a criança era separada da mãe aos quatro meses, o que gerava muito sofrimento. “Queríamos o fortalecimento do vínculo, entendendo a importância da mãe na vida do indivíduo. A criança fica junto da mãe até o fim da medida socioeducativa, e fazemos todo o possível para que seja uma medida breve”, explica.

Uma questão delicada que preocupa as mães internas é sobre os malefícios que a clausura pode gerar em seus filhos e como será a vida deles ao saírem da instituição. A diretora-técnica da Fundação CASA, Maria Eli Colloca Bruno, diz que há discussões sobre os danos de uma criança crescer em um ambiente assim. Segundo ela, a instituição estuda possibilidades e propostas, como a de reintroduzir lentamente a criança em creche com a ajuda da família.

Leia aqui a reportagem completa.

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