Para quebrar estereótipos, mãe faz fotos do filho usando vestido

A sociedade tem uma tendência a definir os papéis de gênero com muita rigidez. Por essa lógica, há alguns comportamentos “de menino” e outros “de menina”. No entanto, para a psicologia, a identidade de gênero não é biológica e inata do ser humano, mas sim uma construção social.

Justamente por esse motivo é que as crianças têm tanta facilidade para transitar entre padrões de um gênero e de outro. Em entrevista à campanha “Mães que TRANSformam”, do Catraca Livre, a neuropsicóloga Ana Carolina Del Nero, do AMTIGOS (Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual), consultório especializado em atender crianças com disforias de gênero (isto é, que não se identificam com seu sexo de nascimento e que eventualmente desenvolvem patologias como depressão e ansiedade em decorrência disso) explica que a psicologia chama esse comportamento de “fluidez” de gênero.

A canadense Crystal Kells tem muita clareza sobre isso e procura transmiti-la para o filho, o pequeno Cian, de cinco anos. Assim como muitos meninos de sua idade, ele tem interesses diversos: super-heróis, aventuras, desenhos infantis e vestidos. Não é preciso muito para adivinhar qual desses interesses escapa ao estereótipo social de como deve ser um menino.

Para ensinar ao menino uma lição sobre identidade e diversidade, os pais de Cian respeitam a sua vontade de usar vestidos. Mais do que isso, a mãe resolveu fazer um ensaio fotográfico celebrando o estilo do pequeno e militar pela causa da diversidade. Em um texto em primeiro pessoa publicado no site colaborativo Bored Panda, Crystal explica que ser mãe é ter amor incondicional e aceitar o filho como ele é, e conta que sua atitude mostra sua preocupação de educá-lo para ser o que quiser ser. “Tornar-se pai não é sobre nós. É sobre ELES”, afirmou.

“Eu quero que ele cresça sabendo que pode ser tudo aquilo que quiser”, disse a mãe, Crystal, em depoimento escrito em primeira pessoa a favor da diversidade de gênero.

“Tornar-se pai te transforma. Às vezes, para melhor, às vezes para pior. No meu caso, foi para melhor. Eu preciso ser um exemplo para o meu filho. Quero que ele cresça sabendo que tem voz. Que saiba que ele pode ser qualquer coisa nesse mundo. Que ele tenha a confiança para se expressar e seja apto a amar a si mesmo”, defende Crystal.

No texto, a mãe dá uma aula sobre as diferenças fundamentais entre orientação de gênero, identidade de gênero e sexo biológico, e explica que o gosto do menino por vestidos é apenas uma parte de sua personalidade.

“Meu filho é um menino. Ele sabe que é um menino. Nós estamos ensinando que as garotas têm vagina e os garotos têm pênis. Seu gênero não determina o que ele deve vestir ou o que ele deveria brincar. Meu marido e eu estamos criando-o sem estereótipos de gênero. (…) O mais importante para nós é a saúde e felicidade dele”.

No depoimento, Crystal conta que, aos cinco anos, o menino já apresenta alguns sinais de disforia de gênero, chegando a afirmar que é uma menina. Com a intenção de acolher as angústias do menino com seu próprio gênero, ela conta que, nesses momentos, o casal busca apenas dizer que está tudo bem se o menino se sente assim, e que quando for mais velho poderá ter mais certeza sobre essa sensação.

“Ele também já quis ser uma sereia e o Homem de Ferro”, brinca a mãe. Estamos tentando simplificar as coisas por enquanto. Apoiamos nosso filho como quer que ele seja, e estamos esperando para  ver como essas suas expressões de gênero vão se manifestar com o avanço da idade”.

Veja algumas fotos do ensaio:

*Com informações de Bored Panda

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