Coleção de Barbies presidentas inspira crianças a serem líderes

Para a educadora Nina Veiga, “há uma grande diferença entre educar crianças para que elas transformem o mundo e educá-las para consumir o que está pronto“. Nina é pesquisadora da Pedagogia Waldorf, e investiga a relação das bonecas com o desenvolvimento da criança. Desde 1991, ela desenvolve em seu ateliê brinquedos inspirados no conhecimento antroposófico – clique aqui para ler a entrevista com ela.

Na hora de escolher as bonecas para – e com – as crianças, é preciso levar em consideração o seu grande potencial de criar referências de mundo. Se uma criança só conhece bonecas princesas, talvez demore a descobrir que existem as cientistas, as esportistas, as lutadoras. Com isso, o brinquedo ajuda a combater as desigualdades existentes entre homens e mulheres.

A marca pretende oferecer às crianças – principalmente, às meninas – outras opções do que ser quando crescer.

No Brasil, apenas 10% dos deputados federais são mulheres, e existe até uma lei para reverter o quadro de baixa representatividade da mulher no Congressso: a Lei nº 9.504/1997, que rege as nossas eleições, estabele que cada partido ou coligação deve reservar pelo menos 30% de suas vagas para as candidaturas de mulheres. (Fonte: Inter-Parliamentary Union/Politize)

Neste contexto de repensar o modo de apresentar o mundo aos pequenos, chegou ao mercado em 2016 uma nova proposta de boneca que questiona o padrão estereotipado deste universo.

A Mattel – que criou, em 1959, a boneca mais famosa do mundo, a Barbie – criou uma coleção de Barbies presidentas e vice-presidentas, pensando em inspirar as crianças e criar modelos em miniatura de líderes políticas femininas. Afinal, meninas podem ser o que elas quiserem.

A intenção não é impor a carreira política para os pequenos, e sim apresentá-la como uma opção possível em um mundo que frequentemente afastam as meninas de algumas profissões em função de distinções de gênero.


De acordo com Athene Donald, professora de física experimental e conselheira da da Universidade de Cambridge, o espaço de mulheres em profissões atreladas ao universo científico começa a ser cerceado ainda na infância, por conta dos estereótipos de gênero e da influência dos brinquedos e estímulos que a criança recebe. Clique aqui para ler a matéria completa.


As novas Barbies presidentas e vice-presidentas vêm para estimular meninos e meninos a se inspirar em líderes femininas

Segundo um comunicado oficial da empresa, “os lançamentos têm objetivo de fazer com que as meninas se inspirem e expandam suas possibilidades de carreira para posições de poder também na política”.

A iniciativa faz parte de um reposicionamento de marketing da marca, que desde 2015 vem ciando uma série de bonecas para desconstruir estereótipos diversos, como a coleção “Sheroes” e a linha inspirada nos diferentes tons de pele – clique aqui para relembrar.

Apesar de ser uma estratégia comercial, brinquedos como estes podem ser considerados pequenas vitórias em relação à construção social da imagem da mulher frente às crianças, já que a própria Barbie, durante décadas, estimulou um padrão de comportamento e estética pautado em uma visão limitada de beleza – cabelos e olhos claros, magreza, alta estatura, entre outras características.

A coleção foi criada em parceria com a ONG “She Should Run” (em tradução livre, “Ela deveria se candidatar”), que trabalha em ações para aumentar o número de candidatas mulheres e interessadas na carreira política.

Apesar de serem brinquedos possíveis para meninos e meninas, segundo Erin Cutrato, da “She Should Run”, em entrevista ao Hypeness, as novas bonecas vêm para encorajar as meninas de todos os lugares a desbloquear seu potencial de liderança”.

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