“Presas entre dois mundos”: o desafio de ser mãe e trabalhar

Trabalho, casa, filhos, carreira, estudos. Como você que é mãe se sente equilibrando tudo isso e lidando com as pressões por todos os lados? Um texto escrito por Carolina Darcie, mãe de três meninas, na plataforma Medium, faz justamente essa reflexão.

Em seu post, Carolina reflete sobre as mudanças que atravessam as gerações e como muitas vezes o mundo demora para alcançar as demandas dos novos tempos, fazendo com que fiquemos perdidos em uma espécie de limbo. A partir disso, ela pensa sobre o descompasso que muitas mulheres vivem hoje: para ela, no limiar entre trabalho e maternidade.

Isso porque, como Carolina diz, sua geração foi criada para ser independente, trabalhar fora e não sonhar prioritariamente com filhos e com o casamento: “Nossas mães sofreram com a vida do lar, desvalorizadas em sua maioria, com grave dependência financeira de seus maridos, num tempo onde o divórcio se tornou muito comum”. Assim, ela completa: “Impedidas de trabalhar fora muitas vezes, alimentaram esses sonhos em suas filhas, tentando realizarem-se um pouco nelas. Quem sabe, a próxima geração teria voz e, por que não, algum dinheiro?”.

Muitas mulheres se dividem entre o trabalho em casa e os cuidados com os filhos

A autora sinaliza também que, ainda que as mulheres de sua geração tenham ido em busca de uma vida autossuficiente, de mais condições para a mulher, as políticas e os direitos básicos para quem desejava ser mãe não acompanharam esses avanços: “Ao mesmo tempo, porém, que fomos incentivadas a buscar nossa independência, as lutas sociais em relação a direitos básicos como licença-maternidade e direito a creches e escolas em período integral não conseguiram tantos avanços. Ou seja, somos mulheres que crescemos querendo trabalhar, ter uma casa, ter nosso próprio dinheiro, mas não fomos preparadas para a maternidade e seus percalços, tanto emocionais quanto econômico-sociais”.

Ser mãe e trabalhar

A gravidez, que parecia distante, é algo “simples”, como define Carolina, fruto desde uma “camisinha mal colocada” até de “instinto, estupro, ilusão, descuido, romantização da maternidade, desejo sincero por ter uma família grande, ou por experimentar criar uma criança”. E, assim, a mulher tenta equilibrar trabalho e filhos com muita dificuldade, pois o mercado de trabalho não comporta suas demandas.

Como o mercado de trabalho não dá conta das necessidades das mães, muitas ficam em um limbo entre trabalho e maternidade
Créditos: Felipe Monteiro Vazami
Como o mercado de trabalho não dá conta das necessidades das mães, muitas ficam em um limbo entre trabalho e maternidade

Carolina conclui: “Ainda não sabemos como resolver esse descompasso. Estamos tão ocupadas tentando nos adaptar à vida dupla (ou melhor, tripla) que só fazemos reclamar em grupos de redes sociais, pois é o que dá tempo de fazer. Criamos nomes bonitos para precarização do trabalho (o tal “empreendedorismo materno”), tentando dar aquele jeitinho na falta de trabalho ou de vagas em creches. Algumas de nós estão esperando as crianças crescerem para tentar voltar ao trabalho (e rezando para não sermos deixadas pelo companheiro, já que isso seria nossa ruína financeira). Muitos arranjos possíveis, nenhum favorável à mulher. A romantização da maternidade disfarça nossos conflitos. Enquanto amamentamos com dor de madrugada, e deixamos uma criança minúscula sob cuidados de outros pela manhã, pensamos como seria se não tivéssemos tido filhos. Teria sido mais fácil, ou a vida é isso mesmo?”.

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