‘Mãe e bebê se separaram ao cortar o cordão umbilical, mas ainda são os mesmos no campo emocional’

Laura Gutman durante o Seminário Internacional de Mães.

A psicoterapeuta argentina está em na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, para palestrar no Segundo Seminário Internacional de Mães. Laura é autora de livros campões de vendas como “O poder do discurso materno” e “A Maternidade e o encontro com a própria sombra” e durante o seminário apresentou a teoria da fusão emocional, que exemplifica com a “metáfora do tanque de água”.

Acompanhe sua fala

Para falar dos nossos filhos, é necessário que primeiro falemos da nossa infância, depois nossos pais, e também, depois dos nossos avós. Mas há uma problema: para abordar a nossa infância, somente as nossas lembranças não são suficientes porque elas são organizadas por aquilo que nos foi nomeado pela mãe. Tomemos este caso como exemplo: certa mãe falou a vida inteira que o pai é um bêbado. No entanto, esta mãe teve outros três maridos e sempre brigou com todos eles. E também brigava com os vizinhos e com os filhos. Eu posso ter vivido uma série de situações muito doloridas, o que eu vou lembrar, serão pelas palavras da minha mãe. Em 95 % dos casos, é o discurso materno que influencia essa lembrança. Para entender essas recordações, é necessário uma investigação que tem que ser feita por uma pessoa, que seja mais detetive do que psicólogo, que vai procurar detalhes que o paciente jamais iria relatar espontaneamente.

O campo emocional e o tanque de água

Imagine um tanque de água com um bebê submerso numa temperatura de 38º. Se a mãe está no mesmo tanque, vai sentir a mesma temperatura. Porque tudo está na mesma água, não está dividido, as gotas estão misturadas. Também é assim no campo emocional, não existe divisão. Se a mãe decide ficar com o bebê nessa água, sentirá tudo que ele sente.

Para um bebê ser entendido, tudo que é necessário é que sua mãe sinta. Não interessa nada, pode haver uma guerra, se a a mãe sente o que o bebê sente, o bebê está no paraíso.

Do mesmo modo, a criança pode estar no paraíso e, se a mãe não sente a criança, ela pode estar no inferno. É a esse tanque de água que eu dou o nome de fusão emocional. Mãe e bebê se separaram ao cortar o cordão umbilical, mas ainda são os mesmos no campo emocional.