‘Por que ninguém me contou que ser mãe é sentir tanta culpa?’

Muitas mulheres só conseguem dimensionar o que é a maternidade de fato durante o puerpério. É no pós-parto que ela compreende na prática o quanto a responsabilidade – física, emocional e em diversas outras dimensões – pode recair com mais força sobre a mulher.

Por esse motivo é que procuramos, aqui no Catraquinha, ouvir às mulheres que precisam compartilhar as angústias, sensações, dúvidas e inseguranças deste grande desconhecido chamado puerpério.

A jornalista Tariana Hackradt, de 33 anos, é uma destas mulheres. Ela publicou um texto no Bebe.com.br, escrito em primeira pessoa, sobre sua experiência logo após o nascimento da primeira filha, Alice, de um ano e três meses.

No relato, ela conta sobre a rotina de cuidados com o bebê e como foi difícil se reconhecer no papel de mãe.

“Os primeiros dias de vida da minha filha foram os mais difíceis da minha vida. Não foram os mais felizes, como imaginei. Foram apavorantes. Tensos”, diz ela, após confessar que chegou a pensar que um depoimento como este pudesse parecer um pedido de desculpas. “Não acho que as mães devem sentir vergonha de falar sobre como se sentem”, defende.

A maternidade real não á mesma que aparece nas publicidades de fralda, nem aquela que a sociedade patriarcal tenta tantas vezes impor à mulher.

Tariana relembra que teve vontade de voltar ao hospital, tamanho era o sentimento de que tudo aquilo era demais para dar conta.

“A primeira madrugada sentada no sofá, suando, sem pregar os olhos de tensão também não foi fácil. A casa naquele silêncio, eu morta de sono, o marido também e a Alice mamando. E chorando. E mamando. E chorando. Tenta colocar no carrinho, arregala os olhos, chora. Peito, desespero, sono. Looping eterno.”

Um dos pontos mais fortes do texto é o trecho em que Tariana sobre a culpa que faz parte da maternagem. Afinal, se ninguém contou que seria tão difícil, também ninguém alerta sobre o quanto as mulheres se sentem insuficientes diante de tantas demandas simultâneas.

“Eu não tinha me preparado direito para lidar com esse furacão de emoções. Por que ninguém me contou que ser mãe é sentir tanta culpa? É sentir tanto medo de tudo ao mesmo tempo?”

O texto levanta uma importante reflexão sobre maternidade real, e urgência de as mulheres se blindarem contra a idealização do que é a maternidade, para embarcarem nesta jornada conscientes de seus ônus e bônus. Assim, a escolha por ser mãe – ou não sê-lo, se assim preferir – será mais conectada com o que se espera daquela experiência.

“Eu não me lembro de sair do sofá nesses primeiros dias. Lembro de, cada vez que Alice pegava no sono no peito, ir escorregando como uma ninja, tentando arranjar uma posição mais confortável, para tentar dar um cochilo. Eu me lembro de rezar para o dia nascer porque a escuridão me dava uma tristeza enorme”.

Clique aqui para ler o texto na íntegra.

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