‘Quero que tenham poder sobre sua identidade’, diz Samara Felippo

*Com informações do UOL

Ser mãe e pai é uma tarefa complexa, que passa por afinar a capacidade de lidar com frustrações, medos e rejeições do outro. Afinal, muitas pessoas só despertam para o real significado das palavras “alteridade” e “empatia” quando se tornam pais, já que quando um filho sofre qualquer natureza de discriminação e rejeição, são os pais os primeiros a sentir a dor na pele. Quando o assunto é de racismo, a situação é ainda mais complexa e exige muita sensibilidade dos adultos envolvidos.

Depois de declarar publicamente que aprendeu com as filhas lições valiosas sobre representatividade ao ouvir da filha Alícia, de sete anos, que se sente pouco representada nas atividades da escola, nos brinquedos e na sociedade em geral, a atriz Samara Felippo se posicionou mais uma vez sobre a questão do racismo na infância.

“Achava que entendia tudo, mas somos tão arraigados com racismo, que cometemos erros sem perceber”, disse a atriz.
“Achava que entendia tudo, mas somos tão arraigados com racismo, que cometemos erros sem perceber”, disse a atriz.

Em entrevista ao UOL, ela afirmou reconhecer o seu lugar de mulher branca, mas ressaltou o poder da empatia para ensinar os pequenos sobre autoconfiança e autoestima.

“Não sou negra, não tenho cachos, mas tenho filhas e luto por elas. E vou fazer isso até que elas possam assumir seus lugares de fala na sociedade. Podem criticar (o fato de eu ser branca), mas vou falar e massificar o quanto eu puder essa questão que se faz necessária. Enquanto puder falar por elas, falarei”, disse a atriz.

Samara é mãe de Alícia, de sete anos, e Lara, de quatro, frutos do relacionamento com o atleta do basquete Leandrinho, e vive no Rio de Janeiro com as pequenas. No dia a dia, ela conta que o aprendizado é contínuo, e reconhece que seu lugar de fala como mulher branca não exclui sua convicção sobre a luta contra o preconceito.

“Não tenho lugar de fala algum para falar sobre cabelos crespos ou sobre ser negra, exceto por ter filhas de um pai negro e saber que um dia elas podem sofrer racismo. Se um dia isso ocorrer, quero que elas estejam de cabeça erguida, empoderadas. Tenham poder sobre si e sua identidade”.

Sobre a falta de representatividade na maioria dos brinquedos, a atriz foi incisiva: “Uma criança negra crescer com um monte de Barbie loira ao redor é doído”.

Sempre que tem a oportunidade, a atriz se manifesta sobre as questões vivenciadas pelas filhas, entre elas a importância do empoderamento infantil.
Sempre que tem a oportunidade, a atriz se manifesta sobre as questões vivenciadas pelas filhas, entre elas a importância do empoderamento infantil.

“Elas não se veem representadas em lugar nenhum. E é muito óbvio, pois não existe representatividade negra na mídia, na moda, nos desenhos animados, nos brinquedos. Na sala dela, só tem um menino negro, mas ela se vê ali”, conta.

Na entrevista, realizada pela repórter Amanda Serra, a atriz falou ainda sobre o papel da mãe como diretriz e referência e o papel da família para perceber as necessidades da criança. Clique aqui para ler o texto na íntegra.

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